terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Vamos plantar árvores nas calçadas de São Paulo ?

Crianças aprendem a cuidar da terra e plantar sementes e mudas na Feira da Vila Madalena. Foto: Márcia Brasil

Importante conscientizar as crianças para a importância de preservar o meio ambiente desde cedo. Adultos também entram na onda da preservação.


Que tal plantar pitangas ou outras árvores frutíferas?

A pitanga
Pitangueira. Foto: baixaky
 Nas grandes cidades, elas ajudam a colorir e alegrar a paisagem cinzenta; nos campos cumprem o seu papel como elemento fundamental para o equilíbrio das espécies; em projetos paisagísticos é um fator decisivo na definição de espaços: em todos os locais as árvores colaboram não só acrescentando beleza, como também participando de maneira decisiva para a preservação de pássaros e na purificação do ar que respiramos, além da sombra e frescor que elas produzem.

A pitangueira vegeta e produz muito bem em climas tropicais e subtropicais, sendo ideais aqueles quentes e úmidos, onde se torna mais produtiva, embora adapte-se também ao clima temperado e a diferentes altitudes. É resistente aos ventos fortes e tolera diferentes níveis de geada e temperaturas abaixo de 0ºC, sem sofrer danos. Apresenta certa tolerância à seca, desenvolvendo-se bem em condições semi-áridas, desde que se proporcione uma mínima quantidade de água. Não é tolerante à salinidade. Em relação aos solos, cresce adequadamente tanto nos tipos arenosos (como os de restinga e praia), quanto nos areno-argilosos, argilo-arenosos, argilosos e até mesmo em solos pedregosos.

No passado os centros urbanos tinham as calçadas tomadas pela paisagem de árvores frutíferas, adultos e crianças se reuniam em volta da pitangueira para conversar e colher seus frutos. Como disse o amigo Takeo em uma conversa de amigos no facebook que "as pitangas ajudavam a construir relações de amizade e comunitárias, pois os vizinhos trocavam frutas entre si". Esta forma de socialização se perdeu nestes grandes centros, devido a correria do trabalho, do tempo perdido no trânsito e a insegurança pela violência.

O seu potencial de utilização é ressaltado quando se considera que o seu fruto de sabor exótico é rico em vitaminas, principalmente em vitamina A (635 mg /100g polpa). Além disso, a promoção de campanhas de educação nutricional pode aumentar o consumo da pitanga como alimento rico e saudável.

Em uma explicação científica. A pitanga é o fruto da pitangueira, ou Eugenia uniflora L., dicotiledônea da família Myrtaceae. Tem a forma de drupa globosa e carnosa, com as cores vermelha, amarela ou preta, é rica em  Vitamina C (veja uma tabela nutricional).


Tabela 1. Valor nutricional de 100 g de polpa de frutos de pitanga.

Componentes
Unidade
Valor
Valor energético
Cal
51,0
Umidade
g
85,8
Proteína
g
0,8
Gordura
g
0,4
Carboidratos
g
12,5
Fibras
g
0,6
Cinzas
g
0,5
Vitamina A
mg
635,0
Tiamina
mg
0,3
Riboflavina
mg
0,6
Niacina
mg
0,3
Ácido ascórbico
mg
14,0
Cálcio
mg
9,0
Fósforo
mg
11,0
Ferro
mg
0,2

Fonte: Villachica et al. (1996).
 
No final deste texto veja os locais onde conseguir mudas de plantas

Por Márcia Brasil 

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Plante uma árvore, mas plante certo!
 

* Comece escolhendo corretamente a espécie que será plantada, levando em consideração alguns fatores importantes: porte adequado ao espaço disponível e característica desejada (floríferas, frutíferas, etc.). Certifique-se que não há riscos das raízes causarem danos nas calçadas e os galhos prejudicarem fiações.

* Adquira a muda em casas especializadas ou solicite à prefeitura de sua cidade.

* Não retire a muda do saco plástico no qual vem envolvida, até que o local para o plantio esteja preparado. Abra uma cova de no mínimo 0,60m x 0,60m e 0,60m de profundidade ou use o tamanho do torrão que envolve as raízes como referência: a cova deve conter o torrão com folga. No caso de calçadas, respeite 50 cm a partir da sarjeta.

* No fundo da cova, coloque um pouco de areia e cascalho fino para facilitar a drenagem e aproveite para aplicar composto orgânico ou esterco. Misture a terra retirada com o composto orgânico. E lembre-se que o solo deve estar livre de entulho, pedras e lixo.

* Umedeça um pouco o torrão e retire a muda da embalagem, cortando o saco plástico e coloque-a na cova, centralizando bem e tomando cuidado para que as raízes não fiquem expostas. Não afunde demais a muda, procurando manter o "colo" da árvore no mesmo nível da superfície. 

* Aproveite para colocar uma estaca de sustentação, ao lado do torrão da muda. A estaca é muito importante, especialmente no início do desenvolvimento da árvore, para evitar danos com ventos fortes e até para conduzir melhor o seu crescimento.

* Complete a cova com a terra adubada e firme bem ao redor do torrão. Providencie uma proteção para a muda, caso esteja sujeita a atos de vandalismo.

* Regue bem e espere que a terra ceda. Complete o nível do solo com a terra adubada. Faça irrigações diárias, caso esteja atravessando um período seco.

* Durante a fase de crescimento, corte os brotos que surgirem na base da muda, pois concorrem muito em nutrientes. 


Como escolher a espécie adequada

Na hora de escolher a espécie de árvore que será plantada, pense primeiro que a espécie deve ter o porte adequado para o local, só depois leve em conta fatores como floração, tipo de folhagem ou de tronco, etc. Uma árvore de grande porte numa calçada, por exemplo, é um verdadeiro desastre. As espécies utilizadas na arborização de ruas, por exemplo, devem ser muito bem selecionadas, pois ficarão sujeitas à condições adversas. Em seu habitat natural, fatores como porte, tipo e diâmetro da copa, hábito de crescimento das raízes e altura da primeira bifurcação se comportam de forma diferente do que ocorre na cidade. Outro fator a se considerar é a condição de adaptação, sobrevivência e desenvolvimento no local escolhido para plantio.

Nas calçadas, a atenção deve ser redobrada! A copa da árvore deve ter formato, dimensão e engalhamento adequados. A dimensão da copa deve ser compatível com o espaço disponível, permitindo o livre trânsito de veículos e pedestres, evitando danos às fiações, fachadas e bloqueio da sinalização e iluminação. Além disso, o ideal é dar preferência a espécies que não dêem flores ou frutos muito grandes, para evitar acidentes com pedestres.

Aí vão dicas muito úteis para evitar erros na escolha das espécies: 


Cuidados com a escolha de espécies de grande porte
Elas podem ultrapassar a 8 metros de altura. Evite plantar em locais onde provoquem danos aos fios da rede elétrica:
* Casuarina (Casuarina equisetifolia)
* Paineira (Chorisia especiosa)
* Ipê amarelo (Tabebuia chrysotricha)
* Ipê rosa (Tabebuia avellanedae)
* Ipê roxo (Tabebuia impetiginosa)
* Suinã (Erythrina falcata)
* Sibipiruna (Caesalpina peltophoroides)
* Tipuana (Tipuana tipu) 



Detalhe da Tipuana


As versáteis árvores de pequeno porte medem entre 2 a 4 metros e são indicadas para pequenos espaços. Eis algumas:
* Cerejeira ornamental (Prunus sp.)
* Ipê-rosa-anão (Tabebuia avellanedae var.paulensis)
* Jasmim manga (Plumeria alba)
* Resedá (Lagerstroemia indica)

Alguns arbustos podem ser conduzidos por meio de podas, durante o crescimento, e se tornar lindas arvoretas. Um dos melhores exemplos:
* Manacá-de-cheiro (Brunfelsia pauciflora var. calycina)



Detalhe do manacá-de-cheiro



Ideais para cidades
Estas são as principais árvores ornamentais que podem ser cultivadas em centros urbanos, lembrando que nem todas podem ser usadas nas calçadas e passeios:
· Unha-de-vaca ou pata-de-vaca (Bauhinia variegata)- floresce de julho a outubro. Porte: 8 metros; copa arredondada com diâmetro de mais ou menos 4 metros.
· Alecrim-de-campinas (Holocalyx balansae) - floresce de outubro a fevereiro. Porte: de 15 a 25 metros; copa arredondada com diâmetro de mais ou menos 6 metros.
· Jacarandá mimoso (Jacarandá mimosaefolia) - floresce de setembro a dezembro. Porte: de 8 a 12 metros; copa com diâmetro de mais ou menos 6 metros.
· Resedá (Lagerstroemia indica) - floresce de outubro a março. Porte: de 4 a 6 metros; copa com diâmetro de mais ou menos 4 metros.
· Magnólia-amarela (Michelia champaca)- floresce de setembro a janeiro. Porte: 8 metros; copa piramidal com diâmetro de mais ou menos 5 metros.
· Ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha) - floresce em setembro. Porte: de 5 a 10 metros; copa arredondada com diâmetro de mais ou menos 3 metros.
· Quaresmeira (Tibouchina granulosa) - floresce de junho a agosto e de dezembro a março. Porte: de 6 a 10 metros; copa arredondada com diâmetro de mais ou menos 6 metros.
· Manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis) - floresce de novembro a fevereiro. Porte: de 5 a 12 metros; copa arredondada com diâmetro de mais ou menos 4 metros. 


Espécies inadequadas para o plantio em regiões urbanas:
· Eucalipto (Eucaliptus spp.) · Guapuruvu (Schizolobium parahyba) · Figueiras em geral (Ficus spp.) · Flamboyant (Delonix regia) · Paineira (Chrorisia speciosa) · Pinheiro (Pinus spp.) · Tulipa africana (Spathodea campanulata) · Grevilea ou grevilha (Grevílea robusta) · Abacateiro (Persea americana) · Mangueira (Mangifera indica) · Chapéu-de-sol (Terminalia catappa) · Casuarina (Casuarina sp.) · Pau-de-novato (Triplaris sp.) · Jaqueira (Artocarpus heterophyllus)


Na Prefeitura de São Paulo

Foto: SMVMA

Campanha permanente de incentivo à arborização

Qualquer pessoa poderá obter uma muda de árvore gratuitamente para plantio em endereço na cidade de São Paulo.

Para isso deverá dirigir-se a um dos parques municipais da cidade de São Paulo participantes da campanha* e no momento da entrega receberá orientação técnica e a Cartilha de Arborização Urbana, contendo dicas de plantio e cuidado com a árvore. A cartilha contém parte técnica ilustrada. O cidadão irá assinar  um Termo de Responsabilidade, onde consta um pequeno questionário a ser preenchido pelo munícipe informando as características do local onde pretende realizar o plantio. As informações necessárias são as seguintes:

  1. Endereço do plantio (OBRIGATORIAMENTE na cidade de São Paulo)
  2. Local para plantio: interno ou calçada

Plantio na Calçada:

  1. Largura da calçada:
  2. Comprimento da calçada onde será(ão) plantadas as mudas:
  3. Existe fiação no lado da calçada onde será(ão) plantada(s) a(s) mudas?
  4. Existem equipamentos públicos (poste, telefone, placas, caixa da SABESP, caixa de luz, caixa de TELEFONE ou gás) no lado da calçada em que será(ão) plantada(s) a(s) muda(s)? Caso afirmativo, qual equipamento?
  5. Existe(m) árvore(s) plantada(s) no lado da calçada em que será(ão) plantada(s) a(s) muda(s)?

Após a análise destes dados será possível a determinação de qual espécie arbórea é mais adequada para o plantio na calçada ou no interior do imóvel. Maiores informações poderão ser obtidas entrando em contato com algum parque municipal.


OBS: AS MUDAS POSSUEM CERCA DE 2,5 m a 3 m DE  COMPRIMENTO

Foto: SMVMA


*PARQUES PARTICIPANTES

Acesse aqui para conhecer os Parques participantes por região (sul, norte, leste e centro-oeste) da Cidade de São Paulo.

Com informações da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Verde, Jardim das Flores.

Um comentário:

  1. Plantar árvore é bom, mas plantar árvore em São Paulo é plantar "dor de cabeça"! Em São Paulo, a prefeitura tem uma lei que impede vc de cuidar das árvores que vc plantou... Vc jamais vai poder fazer uma poda ou enfeitar a árvore no natal por exemplo... Isso será considerado crime e terá multa de 10 mil reais, isso mesmo, 10 mil reais. A prefeitura de São Paulo virou uma indústria de multas e taxas. Eles afirmam que o cidadão pode solicitar a poda pelo telefone 156, mas o fato é que eles levam em média 1 ano para atender a solicitação, se atenderem. Fazem um "serviço porco" e se a árvore estiver em terreno particular, o dono arcará com os custos da poda. A prefeitura só quer estorquir dinheiro dos cidadãos. Vejam que absurdo nessa reportagem do G1 http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/07/poda-de-arvore-sem-autorizacao-pode-gerar-multa-de-r-10-mil-em-sp.html

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